Goya e o Romantismo Espanhol
As pinturas do artista espanhol não se encaixam em categoria alguma.
Sua obra só tinha sido influenciada pelo Realismo de Velázquez, pela visão de Rembrandt e, como ele dizia, pela “natureza”.
GOYA poderia parecer um pintor tão público quanto qualquer outro, visto que era o principal pintor de Carlos IV de Espanha. Contudo, a maior parte da sua obra e, certamente, a sua obra mais gigantesca, é profundamente pessoal no caráter, por isso mesmo, surpreende o reconhecimento de que seu talento desfrutou.
FRANCISCO DE GOYA Y LUCIENTES, contemporâneo chegado de DAVID, iniciou sua carreira num mundo de rococó vacilante e numa corte decadente.
O Neoclassicismo era a alternativa revolucionária para o Rococó, uma arte pública e impessoal de reconstrução. Mas GOYA preferiu, em vez de oferecer visões de um mundo mais nobre, registrar as enfermidades do seu próprio mundo.
O artista foi rebelde toda a vida. Libertário que se opunha firmemente a todo tipo de tirania, o artista espanhol começou como desenhista semi-rococó de cenas divertidas para tapeçarias. Então, tornou-se pintor de Carlos IV da Espanha, cuja corte foi notória pela corrupção e pela repressão. Observar o vício da corte e o fanatismo da igreja transformou GOYA num amargo e satírico misantropo.
Sua obra era subjetiva como a dos românticos do século XIX, no entanto GOYA é saudado como o primeiro pintor moderno.
Suas visões de pesadelo expondo a maldade da natureza humana e sua técnica original de cutiladas nas pinceladas, o transformou num pioneiro da angustiada arte do século XX.
Deu a uma Espanha decadente a guerra, insurreição e exemplos de selvageria bastante anormais, até mesmo para o nosso próprio século.
O destino deu a GOYA não só o gênio, mas também doenças frequentes e surdez total a partir dos 46 anos. Durante a recuperação, isolado da sociedade, começou a pintar demônios do seu mundo interior de fantasia, início de uma preocupação com criaturas bizarras, grotescas, em sua obra madura. Só a comunicação visual ligava esse homem atormentado aos horrores do mundo externo.
GOYA foi igualmente brusco ao revelar os vícios da Igreja e do Estado.
O pintor foi mestre em artes gráficas. Suas 65 gravuras “Os Desastres da Guerra” (1810-14) são francos “exposés” das atrocidades cometidas por ambos, o exército francês e o espanhol, durante a invasão da Espanha. Com precisão sangrenta, reduziu cenas de tortura bárbara ao básico horror. Seu olhar sobre a crueldade humana era firme: castrações, desmembramentos, civis degolados empalados em árvores nuas, soldados desumanizados contemplando indiferentemente corpos linchados.
GOYA ficou obcecado com a descrição do sofrimento causado pela intriga política e pela decadência da corte e da igreja espanholas. Disfarçava sua repulsa, porém, com sátira, como nas perturbadoras “pinturas negras” que fez nas paredes de sua vila, Quinta Del Sordo (casa do surdo).
Os 14 grandes murais em negro, marrom e cinza de 1820-22 apresentam monstros assustadores engajados em atos sinistros.
A técnica de GOYA era tão radical quanto sua visão. A certa altura, executou afrescos com esponjas, mas suas pinturas satíricas foram feitas com pinceladas amplas, ferozes, tão ardentes quanto os eventos retratados. GOYA morreu na França, num exílio auto-imposto. Teve vinte filhos, mas não seguidores.
Seu gênio era singular e suas simpatias intensas demais para se repetirem.
Principais obras de Francisco Goya - Riña en el Mesón del Gallo
- El paseo por Andalucía
- La cometa
- La nevada
- Cazador junto a una fuente
- La vendimia
- Carlos IV de vermelho
- La Duquesa de Alba y la dueña ou La Duquesa de Alba y la "beata"
- Los caprichos
- Los desastres de la guerra
- Los fusilamientos del tres de mayo
- Dos de mayo de 1808 ou La carga de los mamelucos
- La maja desnuda
- La maja vestida
- Los disparates
- Saturno devorando a un hijo
- El Colosso
- Casa de Locos
- El Aquelarre