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SOBRE A ARTE

SOBRE A ARTE

O movimento impressionista nas artes


O homem, o mais perfeito animal da face da Terra, é um ser pleno de sensibilidade. Guarda dentro si, os mais profundos sentimentos. Como um satélite, capta, fotografa e grava todas as impressões provenientes do mundo exterior. Essas emoções compreendidas apenas por sua alma de artista tornam-se imensuráveis, somente o coração as registram. Além disso, elas se exteriorizam intensamente no mundo real e são codificadas em forma de arte: pintura, música ou literatura.


No fim do século XIX, Paris, considerada a capital cultural da Europa, despertava atenção de pintores, musicistas e escritores do mundo inteiro tornando-se dessa forma teatro de numerosos movimentos artísticos e literários.


Em 1871, realizou-se, na capital francesa, uma exposição, onde Monet apresentou um quadro chamado Impression, inaugurando uma nova tendência na arte. Esta tela, com título significativo, na qual se sentia pulsação e ritmo próprios, pode ser considerada como origem do movimento pictórico conhecido como “impressionismo”.


Após a segunda revolução industrial, o mundo foi surpreendido por inúmeras invenções, entre elas a fotografia e a eletricidade. Nos quadros de Monet, as imagens eram vistas como instantâneos fotográficos; a claridade existente sugeria a luminosidade da eletricidade, fenômeno, na época, concreto e inovador.


A escola de Barbizon influenciou os jovens pintores de Paris que, contrariados com o ambiente fechado dos ateliês, instalaram-se perto da floresta de Fontainebleau, imbuídos do desejo de descobrir temas de inspiração, à imagem dos mestres como Corot, Millet, Daubigny, Rousseau, entre outros.


Monet, Renoir, Sisley e Degas escolheram o ar livre como lugar de trabalho, ou seja, a natureza. Enquanto o pincel de Renoir era fino e leve, Monet empregava a nova técnica de "Kommatas”: trata-se de pequenos traços de pincel justaposicionados, pintados como em um “piscar de olhos”, tendo o cuidado de não misturar as tintas sobre a tela branca, pois as cores somente se associavam a uma certa distância e era lá que o observador deveria estar para comtemplar o quadro.


Todavia, o gosto pela luz e a aversão bem-conhecida ao negro, assim como a ênfase dada aos traços dos pincéis representando os raios de luz, impedindo a percepção dos contornos das formas, causaram aos contemporâneos, dificuldades para compreender a pintura impressionista.


Na obra do escultor Auguste Rodin, a preocupação foi o corpo humano. Ele teve a ideia original de fazer os troncos incompletos, quase mutilados, busto sem cabeça e membros; essa inovação foi mal-interpretada na época, porém, elevou a escultura ao ponto mais alto da temática até então reconhecida. Os modelos eram posicionados de maneira a deixar em relevo o máximo da anatomia do corpo, de maneira considerada não convencional. Rodin era “um expressionista antes do expressionismo”.


No domínio musical, Debussy pode ser considerado o maior representante do movimento impressionista. Sua música evoca natureza, sensações, sombra, luz e cores. Ele se liberta pouco a pouco das paixões do romantismo. Tudo se torna irreal, como um sonho distante. A sua música passa a ser efêmera, etérea, diferente da apresentada nos cenários Wagnerianos.


É notável a semelhança entre a arte de Debussy e as dos seus amigos pintores impressionistas. Muitos temas eram idênticos: temas de paisagens, neblina e, principalmente, água, pela qual sentia uma atração quase sobrenatural.


Nas suas canções, as melodias sobre os versos dos poetas receberam as expressões mais eloquentes de ternura e de maturidade. São canções de extrema beleza, baseadas nos versos de Verlaine, Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé e outros.


Para piano, Debussy reservou sonoridades completamente inovadoras: na Suite Bergamasque, que continha o maravilhoso Clair de Lune; também nas Arabesques e nos Prelúdios; e no Children's Corner que já apresentava elementos do jazz.


No movimento impressionista, as artes plásticas, a literatura e a música se entrelaçaram. Foi uma época de trabalho intenso e de grandes produções. No entanto, os artistas caminharam pouco a pouco para outras direções, pois a arte está sempre em evolução.


Esses artistas representaram papel importante, abrindo espaço a novas expressões artísticas, bem como a relevantes descobertas e criações. Assim termina o século XIX, de uma maneira extraordinária do ponto de vista estético, legando à posteridade obras-primas que enriqueceram a arte e a música do século XX.


Fonte: DM.com.br (por Alba Dayrell, membro da Academia Feminina de Letras e Artes (Aflag), da União Brasileira dos Escritores (UBE) e professora aposentada da UFG).

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