David Lynch: A vida de um artista

Não espere encontrar em “David Lynch — A vida de um artista”, o septuagenário diretor falando sobre seus filmes. Lynch não fala sobre seu trabalho, seja qual for o campo das artes em que esteja atuando. Ele sempre dá dica de que cada espectador deve experimentar sua obra seguindo suas próprias crenças. No documentário dirigido pelo trio Jon Nguyen, Rick Barnes e Olivia Neergaard-Holm, registrado como se fosse um filme de Lynch, o mote é a infância, a adolescência e a chegada da vida adulta. Tudo narrado pelo próprio Lynch, que esmiúça passagens importantes, ao mesmo tempo em que se alternam imagens dele atuando como artista plástico e se relacionando com a filha.
Da mesma forma como nos filmes dele existem códigos que se repetem, auxiliando na compreensão do que está sendo apresentado, o espectador pode perceber que no documentário os quadros vão completando as lembranças pregressas do diretor. É como se fosse um enorme quebra-cabeça que tenta desvendar a personalidade de Lynch, e, por conseguinte, um dos temas apresentados em seus filmes: encontrar o esplendor num mundo sombrio. O longa cobre sua trajetória até as filmagens de “Eraserhead” (1977), seu primeiro longa, e mostra como o mundo poderia ter perdido a genialidade de Lynch, um dos cineastas mais impactantes que surgiram nos últimos 40 anos.