O friso Stoclet e o auge do período dourado
A sua última grande pintura mural é o Friso Stoclet (1905 a 1909). Adolphe Stoclet, um magnata belga a viver em Viena com a mulher, mandou construir um palácio, deixando-o a cargo do Wiener Werkstatte ("Ateliê Vienense"), no qual se destacavam o arquiteto Josef Hoffmann e Klimt. É aqui que o pintor experimenta uma mudança no estilo; surgem os motivos geométricos repetidos, deixando aparecer apenas algumas partes essenciais realistas que permitem o seu entendimento. Aqui, é usada uma cobertura ao estilo bizantino bastante cerrada, como mosaicos, onde o realismo e a abstração se confrontam.
Em "O beijo" (1907/08), ou "Der Kuss" no original em alemão, baseado em si mesmo e na sua amante Emilie, a mulher fatal aparece submissa, comunica uma sexualidade latente. "O Beijo" constitui o auge do período dourado e torna-se o emblema da Secessão.
Em "Dánae" (1907/08), a sua provocação afirma-se de modo mais óbvio. Junto à figura da mulher ruiva adormecida, surge aquilo que muitos interpretam como uma torrente de moedas de ouro e espermatozoides. A lenda de Dânae, amada por Zeus na forma de uma chuva dourada, foi transformada em tema de pintura por vários artistas da história da arte. O tema mitológico tem, em Klimt, a representação da procriação - origem do mito Perseu - captada como um instante eterno, sagrado e superior.
Em Danae, Klimt projetou uma feminilidade pensada de forma autônoma, descrita mergulhada e absorta em si, entregue às suas energias instintivas. Nessa medida, Danae é um "ícone do narcisismo feminino", de tal forma preocupada com ela própria que exclui qualquer outro objeto de amor para além do seu próprio corpo. Isto é, o princípio masculino não se encontra patente (como o é em Leda - simbolicamente codificado sob a forma do pescoço e da cabeça do cisne negro). Em Danae, ele reduz-se ao símbolo abstrato de "um retângulo negro no rio de ouro" - um ornamento entre os ornamentos.