Filme de animação ‘anima’ centenas de obras de Van Gogh
Um filme de animação dá vida à obra de Van Gogh usando as próprias pinturas do artista. A obra retrata o percurso do artista holandês, do início da carreira até à sua morte misteriosa, em 1890, em França.
A realizadora polaca Dorota Kobiela é também pintora.
“Ele disse ao irmão numa das cartas que só era possível expressar-se através das pinturas. Essas palavras foram muito importantes para mim e foram a razão pela qual fizemos o filme dessa forma. Contamos a história do artista através das obras de arte”, contou a realizadora.
A animação integra centenas de obras de Van Gogh. O O argumento baseia-se nas cartas escritas pelo pintor. Para fazer o filme, a produção precisa de dezenas de pintores.
“São necessários cinquenta a sessenta pintores para fazer o filme e cada um deles tem de ter um nível técnico extremamente elevado”, explicou o produtor Hugh Welchman.
Welchman tornou-se conhecido graças a “Pedro e o Lobo”, uma obra que arrecadou o Óscar para melhor filme de animação em 2008.
Todas as pinturas usadas no filme são realizadas a óleo para manter o aspeto original das obras de van Gogh.
“Os animadores usam materiais e pinturas de acordo com as imagens projetadas, cobrindo a imagem anterior com a seguinte.
Depois da pintura estar pronta, tira-se uma fotografia e o processo recomeça. Depois de doze frames, temos um segundo de filme”, explicou o animador Piotr Dominiak.
A combinação de cada pintura com a seguinte exige um trabalho extremamente preciso.
“A imagem é projetada na tela por um projetor que se encontra na parte de trás o que torna as coisas mais fáceis. Posso ver as linhas principais e a forma como se movimentam. Posso pintar os contornos até ao limite necessário depois a partir da projeção vejo se as pinceladas estão corretas e se a animação está correta”, explicou a pintora Anna Kluza.
A ideia original era realizar uma curta-metragem mas os produtores decidiram fazer uma longa-metragem quando tomaram consciência da popularidade de Van Gogh e do potencial do filme.
“Há muitos fãs de Vincent van Gogh, pessoas que são fãs das pinturas e que se interessam pela vida dele. Na verdade, o Hugh Welchman tomou a decisão de fazer uma longa-metragem devido a uma exposição das cartas de van Gogh que ele viu em Londres. Havia uma fila de espera numa terça feira à tarde para ler as cartas. Isso significa que o centro de interesse não é apenas a arte que ele criou mas o pintor enquanto pessoa”, explicou Sean Bobbit, presidente da produtora Breakthru films.
A produtora conseguiu angariar setenta mil euros através de uma plataforma de financiamento na Internet. O dinheiro foi usado para treinar os pintores.