Rivera: o artista da irreverência
Dentro da lista de casais polêmicos que juntos fizeram história, estão os mexicanos Diego Rivera e Frida Khalo. Pintores do século XX que revolucionaram na arte e no modo de viver. Longe de ser um casal convencional, Diego e “Friducha”, como o marido chamava a pintora, tiveram uma bela e turbulenta história.
Diego Rivera, nascido no México no ano de 1886, retratava em suas obras a vida do proletariado mexicano. Diferente de sua esposa Frida que iniciou seus estudos das artes sem muitos recursos, Diego teve a oportunidade de estudar pintura em grandes escolas. Começou em uma academia em seu país e depois zarpou pra Europa.
Por causa das suas andanças pelo velho mundo fez amigos e recebeu toda sorte de influências em seu trabalho. Entre os amigos que fez está um dos boêmios da arte plástica, o famoso Pablo Picasso. Mas seu trabalho passou a chamar atenção quando inspirado pelo pintor Paul Cezane largou o cubismo por formas mais simples e cores fortes.
O gosto de Diego por murais era seu grito contra a arte voltada para a burguesia, sempre teve aspirações comunistas e queria mostrar isso com sua arte. Ele queria ultrapassar o limite da pintura de galeria, não queria suas obras estocadas esperando adquirir valor de venda. Sua ideia era retratar o povo, as contradições históricas e sociais que abateram o México.
O amor plural de Diego e Frida
O casamento destes dois pintores de traços e personalidade fortes foi repleto de traições, brigas e longas separações. Diego não acreditava na fidelidade como uma expressão de amor e teve inúmeros casos. Mas Frida também dava seus passeios e assim como o marido teve vários homens e mulheres durante seu casamento.
Se casaram em 1929, Frida era pupila de Rivera. A relação deles misturava amor, militância política e paixão pelas artes. Muita coisa foi superada mesmo aos trancos pelo casal, mas um romance entre Diego e Cristina, irmã de Frida foi um golpe muito forte. Esse fato afastou os dois por um bom tempo.
Um caso famoso dos dois foi o envolvimento da pintora com Leon Trotsky. Com medo de ser assassinado por agentes de Stalin, ele pediu exílio aos companheiros da esquerda mexicana. Tendo recebido Trotsky em sua casa, Frida logo sentiu interesse pelo revolucionário sessentão e acabaram se envolvendo.
Há teorias que dizem que o fator que motivou Frida a “seduzir” Trotsky foi a vontade de atingir o marido depois da traição com a irmã. Como uma mulher perderia a chance de ter um caso com o ídolo e amigo de seu marido infiel? Muitos esquecem que ela sempre foi um ser em ebulição, cheia de talento e desejo.
Subversão no Rockfeller Center
Diego Rivera foi contratado por Nelson Rockfeller, em 1930, para pintar em seu edifício um mural que retratasse a esperança no rosto do homem comum. Tudo bem que ele não era a primeira opção pro tal painel e sim o europeu Pablo Picasso, que não estava disponível. Mesmo assim confiaram ao pintor à criação de três murais em Nova Iorque no Rockfeller Center.
Rivera não se conteve em subverter a banalidade da obra encomendada e acabou indo bem mais longe. Acabou jogando tudo na parede do edifício, a burguesia, o proletariado, o exército, as máquinas. Mas o grupo Rockfeller não pôde suportar que ao lado do retrato dos trabalhadores surgiu a figura do revolucionário russo Lênin, um pouco a sua esquerda lá está Trotsky, perto de Karl Marx.
Pra conhecer um pouco sobre a personalidade deste artista mexicano, frases marcantes sobre a vida, crenças, seu trabalho e de sua esposa:
“Eu nunca acreditei em Deus, mas acredito em Picasso”
“Nunca antes uma mulher colocou tal poesia agonizante sobre a tela como Frida fez”
“Toda boa composição é acima de tudo um trabalho de abstração. Todos os bons pintores sabem disso”
“Eu a amava, mas eu queria machucá-la. Frida foi apenas a vítima mais óbvia desta característica nojenta
“Através de suas pinturas, ela quebra todos os tabus do corpo da mulher e da sexualidade feminina” (Sobre Frida)